sexta-feira, 3 de outubro de 2014
A Mulher Selvagem - La Loba
O Arquétipo da Mulher Selvagem
Para encontrar a mulher selvagem, é
necessário que as mulheres se voltem para sua vida instintiva, sua sabedoria
mais profunda.
A compreensão da natureza da
mulher selvagem vem de uma psicologia feminina em seu sentido mais verdadeiro;
é a saúde para todas às mulheres e dá forma a vida mais profunda de uma mulher.
Ela é a origem do feminino.
“Todos nós começamos como um
feixe de ossos perdido em algum ponto num deserto.”
“Existe uma velha que vive
num lugar oculto de que todos sabem, mas que poucos já viram”. Como nos contos
de fadas, ela parece esperar que cheguem até ali pessoas que se perdeu, que
estão vagueando ou à procura de algo.
Ela é circunspecta, quase
sempre cabeluda e invariavelmente gorda, e demonstra especialmente querer
evitar a maioria das pessoas. Ela sabe crocitar e cacarejar, apresentando
geralmente mais sons animais do que humanos.
O único trabalho de La Loba
é o de recolher ossos. Sabe-se que ela recolhe e conserva especialmente o que
corre o risco de se perder para o mundo. Sua caverna é cheia dos ossos de todos
os tipos de criaturas do deserto: o veado, a cascavel, o corvo. Dizem, porém,
que sua especialidade reside nos lobos.
Ela se arrasta sorrateira e
esquadrinha as montañas e os arroyos, leitos secos de rios, à procura de ossos
de lobos e quando consegue reunir um esqueleto inteiro, quando o último osso
está no lugar e a bela escultura branca da criatura está disposta à sua frente,
ela senta junto ao fogo e pensa na canção que irá cantar.
Quando se decide, ela se
levanta e aproxima-se da criatura, ergue seus braços sobre o esqueleto e começa
a cantar. É aí que os ossos das costelas e das pernas do lobo começam a se
formar de carne, e que a criatura começa a se cobrir de pelos. La Loba canta um
pouco mais, e uma proporção maior da criatura ganha vida. Seu rabo forma uma
curva para cima, forte e desgrenhada.
La Loba canta mais, e a
criatura-lobo começa a respirar.
E La Loba ainda canta, com
tanta intensidade que o chão do deserto estremece, e enquanto canta, o lobo
abre os olhos, dá um salto e sai correndo pelo desfiladeiro.
Em algum ponto da corrida,
quer pela velocidade, por atravessar o rio respingando água, quer pela
incidência de um raio de sol ou de luar sobre seu flanco, o lobo de repente é
transformado numa mulher que ri e corre livre na direção do horizonte.
“Por isso, diz-se que, se
você estiver perambulando pelo deserto, por volta do pôr-do-sol, e quem sabe
esteja um pouco perdido, cansado, sem dúvida você tem sorte, porque La Loba
pode simpatizar com você e lhe ensinar algo - algo da alma.”
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