sexta-feira, 6 de março de 2015
Mitologia Pessoal III
Mitologia Pessoal III
Primeiro Encontro: 11/04/2015
Tema: O Encontro e o Confronto com seu Mito
"A função primordial da Mitologia e do rito sempre foi oferecer os símbolos que fazem progredir o espírito humano."
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Mitologia Pessoal
Atelier Terapêutico convida: Projeto - Mitologia Pessoal
O Mergulho em Profundezas Míticas
A expansão da sua Mitologia Pessoal
Uma psicologia do Ser em evolução
Baseado no livro Mitologia Pessoal de David
Feinstein e Stanley Krippner, o trabalho se propõe a ser um guia para a
transformação pessoal.
Mitos pessoais são crenças profundas que
orientam nossas escolhas na vida e nossa visão de mundo. Através dos mitos pessoais interpretamos o passado, compreendemos
o presente e encontramos orientação para o futuro.
A grande contribuição da mitologia pessoal
é facilitar o reconhecimento das origens das dificuldades, permitindo que se
assuma a responsabilidade do próprio processo de cura.
O objetivo do workshop é:
- O encontro e o confronto com o seu mito.
- O aumento da percepção interior pessoal.
- A resolução de conflitos internos.
- A tomada de decisão com mais informações
psicológicas.
O trabalho será desenvolvido em cinco
encontros:
Ancestralidade
e o curador interno - Dia 11 de Abril
História pessoal sob uma perspectiva mítica - Dia 16 de Maio
Conflito
mítico - Dia 13 de Junho
Identificação,
superação e resolução de seu conflito mítico - Dia 11 de Julho
Uma visão mítica renovada - Dia 15 de
Agosto
Mais informações: atelierterapeutico2009@gmail.com
Orquídea Calderon tel.: 8846-9801 / Rosanna Rocco Tel.: 9994-0237
Orquídea Calderon tel.: 8846-9801 / Rosanna Rocco Tel.: 9994-0237
Inscrições abertas - Vagas Limitadas
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
O Urso da Meia Lua
. A história fala da
raiva e do perdão, nos traz uma reflexão dos sentimentos que nos afastam de
nossa alma e de nossa alegria.
Aponta-nos para a questão da raiva e de como estabelecer
um diálogo com os nossos aspectos feridos e do perdão.
Fornece-nos sinais
de como atingir o equilíbrio transformando-os em ato de criação e possibilidade
de renascimento.
O objetivo do workshop é oferecer um espaço para que possamos partilhar a sabedoria contida nessa história de revelação que nos dá um modelo completo de como tratar e curar a raiva.
O Urso da Meia Lua
Era uma vez uma jovem mulher
que vivia numa perfumada floresta de pinheiros. Seu marido esteve fora, lutando
na guerra, muitos anos. Quando ele afinal foi liberado, voltou para casa com o
pior dos humores. Ele se recusou a entrar na casa, pois havia se acostumado a
dormir nas pedras. Ele só queria ficar só e permanecia na floresta tanto de dia
quanto à noite.
A jovem esposa ficou tão
feliz quando soube que o marido estava afinal voltando para casa. Ela cozinhou
e fez compras, e fez compras e cozinhou. Preparou pratos e mais pratos, tigelas
e mais tigelas, de delicioso queijo branco de soja, três tipos de peixe, três
tipos de algas, arroz salpicado com pimenta vermelha e belos camarões frios,
grandes e alaranjados.
Com um tímido sorriso, ela
levou os alimentos até o bosque e se ajoelhou ao lado do marido esgotado pela
guerra, oferecendo-lhe a bela refeição que havia preparado. No entanto, ele se
pôs de pé e chutou as travessas de modo que o queijo de soja caiu, os peixes
saltaram no ar, as algas e o arroz caíram na terra e os grandes camarões
alaranjados rolaram pelo caminho abaixo.
— Deixe-me em paz! — rugiu
ele, voltando-lhe as costas. Ele estava tão furioso que ela sentiu medo. E
afinal, em desespero, ela foi procurar a gruta da curandeira que morava fora da
aldeia.
— Meu marido foi ferido
gravemente na guerra — disse a esposa. — Ele sofre de uma raiva permanente e
não come nada. Só quer ficar ao ar livre e não se dispõe a voltar a viver
comigo. A senhora não pode me dar uma poção que faça com que ele volte a ser
carinhoso e gentil?
— Isso eu posso fazer por
você — asseverou-lhe a curandeira. — Mas vou precisar de um ingrediente
especial. Infelizmente, acabou todo meu pêlo de urso de meia-lua. Por isso,
você deve subir a montanha, encontrar o urso negro e me trazer um único pêlo da
meia-lua que ele tem no pescoço. Depois, eu lhe darei o que você precisa, e a
vida voltará a ser boa.
Algumas mulheres teriam se
sentido desencorajadas com essa tarefa. Algumas teriam considerado que todo
esse esforço era impossível. Mas não ela, pois ela era uma mulher que amava.
— Ah! Como lhe sou grata! É
tão bom saber que existe uma solução.
E assim ela se preparou para
a viagem e na manhã seguinte partiu para a montanha.
— Arigato zaishö — dizia
ela, o que é uma forma de cumprimentar a montanha
e lhe dizer "Obrigada
por me deixar escalar seu corpo".
Ela se embrenhou nos
contrafortes, onde havia rochas semelhantes a grandes pães de forma. Subiu até
um platô coberto de mata. As árvores tinham galhos longos e caídos e folhas que
se pareciam com estrelas.
— Arigato zaishö — entoou.
Era uma forma de agradecer as árvores por erguerem seus cabelos para que ela
pudesse passar por baixo. E assim ela conseguiu atravessar a floresta e começou
a subir de novo.
Agora estava mais difícil. A
montanha tinha flores espinhosas que se prendiam na barra do seu quimono e
rochas que arranhavam suas mãos delicadas. Estranhos pássaros escuros saíram
voando na sua direção no crepúsculo, deixando-a assustada. Ela sabia que eles
eram os muen-botoke, espíritos dos mortos que não tinham parentes. Ela entoou
orações para eles.
— Vou ser sua parenta. Vou
dar-lhes descanso.
Ela prosseguia subindo pois era uma mulher que
amava. Subiu até ver neve no pico da montanha. Logo seus pés estavam frios e
molhados, e ela continuava a escalar, pois era uma mulher que amava. Começou
uma tempestade, e a neve penetrava direto nos seus olhos e fundo nas suas
orelhas. Mesmo sem ver, ela continuava a subir.
— Arigato zaishö — cantou a
mulher quando a nevasca parou, para agradecer aos ventos por terem parado de
cegá-la. Ela procurou abrigo numa caverna rasa e mal conseguiu lugar para seu
corpo inteiro. Embora tivesse uma bolsa cheia de alimentos, ela não comeu, mas
se cobriu com folhas e adormeceu. Pela manhã, o ar estava calmo e plantinhas
verdes chegavam a atravessar a neve aqui e acolá.
— Ah — pensou ela. — Agora,
ao urso da meia-lua.
Ela procurou o dia inteiro e
quase ao anoitecer encontrou grossos cordões de bosta. E não precisou procurar
mais, pois um gigantesco urso negro passou pesadamente pela neve, deixando
profundas marcas de patas e garras. O urso da meia-lua deu um rugido feroz e
entrou na sua toca. A mulher enfiou a mão na trouxa e colocou numa tigela a
comida que trouxera. Ela colocou a tigela do lado de fora da toca e voltou
correndo para o seu esconderijo. O urso sentiu o cheiro da comida e saiu
cambaleando da toca, rugindo tão alto que pequenas pedras se soltaram do lugar.
O urso fez um círculo em volta da comida de uma certa distância, farejou o
vento muitas vezes e depois comeu tudo de uma só vez. O enorme urso foi andando
de ré e sumiu dentro da sua toca.
Na noite seguinte, a mulher
agiu da mesma forma, servindo o alimento na tigela, mas dessa vez não voltou
para seu esconderijo, recuando apenas metade do caminho. O urso sentiu o cheiro
da comida, saiu pesadamente da toca, rugiu para abalar os céus e as estrelas,
deu uma volta, farejou o ar com extremo cuidado, mas afinal engoliu a comida e
voltou para a toca. Isso continuou por muitas noites até que numa noite escura
a mulher sentiu ter coragem suficiente para esperar ainda mais perto da toca do
urso.
Ela pôs a comida na tigela
do lado de fora da toca e ficou esperando junto à abertura. Quando o urso
sentiu o cheiro e saiu, ele viu não só a comida mas também um par de pequenos
pés humanos. O urso virou a cabeça de lado e rugiu tão alto que fez os ossos do
corpo da mulher zumbirem.
A mulher tremia, mas não
recuava. O urso se ergueu nas patas traseiras, estalou as mandíbulas e rugiu
tanto que a mulher pôde ver bem o céu vermelho e marrom da sua boca. Mesmo
assim, ela não saiu correndo. O urso rugiu ainda mais e estendeu seus braços
como se quisesse agarrá-la, com suas dez garras suspensas como dez facas sobre
sua cabeça. A mulher tremia como uma folha ao vento, mas permaneceu onde
estava.
—Por favor, meu querido urso
— implorou ela. — Por favor, vim toda essa distância em busca de uma cura para
meu marido. — O urso voltou as patas dianteiras para a terra fazendo voar a
neve e olhou direto no rosto assustado da mulher. Por um instante, ela teve a
impressão de ver cordilheiras inteiras, vales, rios e aldeias refletidos nos
olhos vermelhíssimos do urso. Uma paz profunda caiu sobre ela, e seus tremores
passaram.
—Por favor, urso querido, eu
venho lhe trazendo aumento todas essas noites. Será que eu podia ficar com um
dos pêlos da meia-lua do seu pescoço? — O urso parou e pensou, essa mulherzinha
seria fácil de devorar. No entanto, ele de repente se sentiu cheio de pena
dela.
— É verdade —disse o urso da
meia-lua, sem afastar as garras da sua cabeça. —Você foi boa para mim. Pode
ficar com um dos meus pêlos. Mas arranque-o rápido, vá embora e volte para sua
gente.
O urso ergueu seu enorme
focinho para que aparecesse a meia-lua branca do seu pescoço, e a mulher viu
ali a forte pulsação do seu coração. A mulher pôs uma das mãos no pescoço do
urso, e com a outra segurou um único pêlo branco e lustroso. Rapidamente ela o
arrancou. O urso recuou e gritou como se estivesse ferido. E essa dor assumiu a
forma de bufos irritados.
— Ah, obrigada, urso da
meia-lua, muitíssimo obrigada. — A mulher se inclinou em reverência e voltou a
se inclinar. Mas o urso rosnou e avançou um passo.
Ele rugiu para a mulher com
palavras que ela não entendia e, no entanto, palavras que de algum modo havia
conhecido toda a vida. Ela se voltou e correu montanha abaixo com a maior
velocidade possível. Ela passou correndo debaixo das árvores de folhas com
formato de estrelas. E o tempo todo ela agradecia às árvores por erguerem os
galhos para ela passar. Ela veio tropeçando pelas pedras que pareciam grandes
pães de forma, sempre agradecendo à montanha por deixar que ela escalasse seu
corpo.
Embora suas roupas
estivessem esfarrapadas, seu cabelo desalinhado, seu rosto sujo, ela desceu a
escada de pedra que levava até a aldeia, seguiu pela estrada de terra
atravessando a cidade até o outro lado e entrou na cabana onde a curandeira
estava sentada cuidando do fogo.
—Olhe! Olhe! Consegui,
encontrei, conquistei um pêlo do urso da meia-lua! —gritou a jovem mulher.
— Que bom — disse a
curandeira com um sorriso. Ela examinou a mulher atentamente, pegou o pêlo de
um branco puríssimo e o segurou perto da luz. Ela sopesou o longo pêlo com uma
das mãos e o mediu com um dedo e exclamou: — É! Este é um autêntico pêlo do
urso da meia-lua.
De repente, porém, ela se
voltou e lançou o pêlo no meio do fogo, onde ele estalou, pipocou e se consumiu
numa bela chama laranja.
—Não — gritou a mulher. — O
que a senhora fez?
—Fique calma. Está certo.
Tudo está bem — disse a curandeira. — Você se lembra de cada passo que deu para
escalar a montanha? Você se lembra de cada passo que deu para conquistar a
confiança do urso da meia-lua? Você se lembra do que viu, do que ouviu e do que
sentiu?
—Lembro — disse a mulher. —
Lembro-me muito bem.
—Então, minha filha — disse
a velha curandeira com um sorriso meigo —Volte por favor para casa com seus
novos conhecimentos e proceda da mesma forma com seu marido.
Pele de Foca pele de Alma
“A história nos fala de onde realmente viemos, do que
somos feitas e de como todas nós precisamos, com regularidade, usar nossos
instintos e descobrir o caminho de volta ao lar.”
O conto Pele de
Foca Pele da Alma proporciona desenvolver uma reflexão sobre nossa origem
psíquica e as verdadeiras motivações na vida.
As exigências do dia a dia muitas vezes nos afastam de nossa essência. Sem perceber vamos sendo moldados por ideias e valores que não são nossos. Assim nos distanciamos de nossa criatividade e do Self mais profundo e entramos muitas vezes num relacionamento só com o ego e a cabeça e não com a alma e o coração.
O Objetivo é de oferecer orientação para que possamos recuperar nossa identidade e nossa capacidade de encontrar o caminho de volta ao lar de nossa alma.
Pele
de foca, pele da alma.
Houve um tempo, que passou
para sempre e que irá logo estar de volta, em que um dia corre atrás do outro
de céus brancos, neve branca... e todos os minúsculos pontinhos escuros ao
longe são pessoas, cães, ou ursos.
Nesse lugar, nada viceja
gratuitamente. Os ventos são fortes, e as pessoas se acostumaram a trazer
consigo seus parkas, mamleks e botas, já de propósito. Nesse lugar, as palavras
se congelam ao ar livre, e frases inteiras precisam ser arrancadas dos lábios
de quem fala e descongeladas junto ao fogo para que as pessoas possam ver o que
foi dito. Nesse lugar, as pessoas vivem na basta cabeleira da velha Annuluk, a
avó, a velha feiticeira que é a própria Terra. E foi nessa terra que vivia um
homem... Um homem tão solitário que, com o passar dos anos, as lágrimas haviam
aberto fundos abismos no seu rosto.
Ele tentava sorrir e ser
feliz. Ele caçava. Colocava armadilhas e dormia bem. No entanto, sentia falta
de companhia. Às vezes, lá nos bancos de areia, no seu caiaque, quando uma foca
se aproximava, ele se lembrava de antigas histórias sobre como as focas haviam
um dia sido seres humanos e como o único remanescente daqueles tempos estava
nos seus olhos, que eram capazes de retratar expressões, aquelas expressões sábias,
selvagens e amorosas. Às vezes ele sentia nessas ocasiões uma solidão tão
profunda que as lágrimas escorriam pelas fendas já tão gastas no seu rosto.
Uma noite ele caçou até
depois de escurecer, mas sem conseguir nada. Quando a lua subiu no céu e as
banquisas de gelo começaram a reluzir, ele chegou a uma enorme rocha malhada no
mar e seu olhar aguçado pareceu distinguir movimentos extremamente graciosos
sobre a velha rocha.
Ele remou lentamente e com
os remos bem fundos para se aproximar, e lá no alto da rocha imponente dançava
um pequeno grupo de mulheres, nuas como no primeiro dia em que se deitaram
sobre o ventre da mãe. Ora, ele era um homem solitário, sem nenhum amigo humano
a não ser na lembrança — e ele ficou ali olhando. As mulheres pareciam seres
feitos de leite da lua, e sua pele cintilava com gotículas prateadas como as do
salmão na primavera. Seus pés e mãos eram longos e graciosos.
Elas eram tão lindas que o
homem ficou sentado atordoado, no barco, e a água nele batia, levando-o cada
vez mais para junto da rocha. Ele ouvia o riso magnífico das mulheres... Pelo
menos elas pareciam rir, ou seria a água que ria às margens da rocha? O homem
estava confuso, por se sentir tão deslumbrado. Entretanto, dispersou-se a
solidão que lhe pesava no peito como couro molhado e, quase sem pensar, como se
fosse seu destino, ele saltou para a rocha e roubou uma das peles de foca ali
jogadas. Ele se escondeu por trás de uma saliência rochosa e ocultou a pele de
foca dentro do seu qutnquq, parka.
Logo, uma das mulheres
gritou numa voz que era a mais linda que ele já ouvira... Como as baleias
chamando na madrugada... Ou não, talvez fosse mais parecida com os lobinhos
recém-nascidos caindo aos tombos na primavera... Ou então, não, era algo melhor
do que isso, mas não fazia diferença por que... O que as mulheres estavam
fazendo agora?
Ora, elas estavam vestindo
suas peles de foca, e uma a uma as mulheres-focas deslizavam para o mar,
gritando e ganindo de felicidade. Com exceção de uma. A mais alta delas
procurava por toda a parte a sua pele de foca, mas não a encontrava em lugar
nenhum. O homem sentiu-se estimulado — pelo quê, ele não sabia. Ele saiu de
trás da rocha, dirigindo um apelo a ela.
— Mulher... Case-se...
Comigo. Sou um... Homem... Sozinho.
— Ah — respondeu ela. — Eu
não posso me casar, porque sou de outra natureza, pertenço aos que vivem
temeqvanek, lá embaixo.
— Case-se... Comigo —
insistiu o homem. — Em sete verões, prometo lhe devolver sua pele de foca, e
você poderá ficar ou ir embora, como preferir.
A jovem mulher-foca ficou
olhando muito tempo o rosto do homem com olhos que, se não fossem suas origens
verdadeiras, pareciam humanos.
— Irei com você — disse ela,
relutante. — Dentro de sete verões, tomaremos a decisão.
E assim, com o tempo,
tiveram um filho a quem deram o nome de Ooruk. A criança era ágil e gorda. No
inverno, a mãe contava a Ooruk histórias de seres que viviam no fundo do mar
enquanto o pai esculpia um urso em pedra branca com uma longa faca. Quando a
mãe levava o pequeno Ooruk para a cama, ela lhe mostrava pelo buraco da
ventilação as nuvens e todas as suas formas. Só que, em vez de falar das formas
do corvo, do urso e do lobo, ela contava histórias da vaca-marinha, da baleia,
da foca e do salmão... pois eram essas as criaturas que ela conhecia.
A princípio, ela escamou e
depois passou a rachar. A pele das suas pálpebras começou a descascar. O cabelo
da sua cabeça, a cair no chão. Ela se tornou naluaq, do branco mais pálido.
Suas formas arredondadas começaram a definhar. Ela procurava esconder seu
caminhar claudicante. A cada dia seus olhos, sem que ela quisesse, iam ficando
mais opacos. Ela passou a estender a mão para tatear porque sua vista estava
escurecida.
E as coisas iam dessa forma
até uma noite em que o menino Ooruk despertou ouvindo gritos e se sentou ereto
nas cobertas de pele. Ele ouviu um rugido de urso, que era seu pai repreendendo
a mãe. Ouviu, também, um grito como o da prata que ressoa com uma pedra, que
era sua mãe.
— Você escondeu minha pele
de foca há sete longos anos, e agora está chegando o oitavo inverno. Quero que
me seja devolvido aquilo de que sou feita — gritou a mulher-foca.
— E você, mulher — vociferou
o marido. — Você me deixará se eu lhe der a pele.
— Não sei o que eu faria. Só
sei que preciso daquilo a que pertenço.
— E você me deixaria sem
mulher, e a seu filho, sem mãe. Você é má.
Com essas palavras, o marido
afastou com violência a pele da porta e desapareceu noite adentro.
O menino adorava a mãe. Ele
tinha medo de perdê-la e, por isso, chorou até dormir... Só para ser acordado
pelo vento. Um vento estranho... que parecia chamálo.
— Oooruk, Ooorukkkk.
Ele pulou da cama, tão
apressado que vestiu o parka de cabeça para baixo e só puxou os mukluks até a
metade. Ao ouvir seu nome chamado insistentemente, ele saiu correndo na noite
estrelada.
— Ooooooorukkk.
O menino correu até o
penhasco de onde se via a água e lá, bem longe no mar encapelado, estava uma
foca prateada, imensa e peluda... Sua cabeça era enorme. Seus bigodes lhe caíam
até o peito. Seus olhos eram de um amarelo forte.
— Ooooooorukkk.
O menino foi descendo o
penhasco de qualquer jeito e bem junto à base tropeçou numa pedra, não, numa
trouxa, que rolou de uma fenda na rocha. O cabelo do menino fustigava seu rosto
como milhares de açoites de gelo.
— Ooooooorukkk.
O menino abriu a trouxa e a
sacudiu: era a pele de foca da sua mãe. Ah, ele sentia seu perfume na pele
inteira. E, enquanto mergulhava o rosto na pele de foca e respirava seu cheiro,
a alma da mãe penetrava nele como um súbito vento de verão.
— Ah — exclamou ele com
alegria e dor, e levou novamente a pele ao rosto. Mais uma vez, a alma da mãe
passou pela dele. — Ah!!! — gritou ele de novo, porque estava sendo impregnado
pelo amor infindo da mãe.
E a velha foca prateada ao
longe mergulhou lentamente para debaixo d'água.
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
A Arte da Transformação - O poder escondido da sua verdade
Mais um trabalho realizado
neste final de semana.
Escolhemos fortalecer a
força criativa da mudança iniciado em nosso projeto anterior “Mitologia
Pessoal", com as ferramentas e ensinamentos oriundos de homens e mulheres com
sabedoria que viviam há milhares de anos atrás no sul do México, para poder
quebrar velhos compromissos e encontrar a liberdade de ser o que realmente
somos.
O primeiro passo na
direção da liberdade pessoal é a consciência:
O segundo passo é o da
Transformação - como mudar
O terceiro passo é o domínio
da intensão:
a própria vida, o amor incondicional e o redirecionamento neste
sentido.
Estes ensinamentos foram
transmitidos por gerações e sintetizados no livro Os quatro compromissos que
falam ao coração de todos os seres humanos.
O trabalho foi desenvolvido visando uma
revisão e uma tomada de ação para
recuperação do poder e a energia necessária para a transformação de uma nova
postura na vida.
Agradecemos a todos vocês:
artistas do espírito
(15/11/2014)
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
A Arte da Transformação O poder escondido da sua verdade.
A Arte da Transformação
O poder escondido da sua verdade.
No dia 15 de novembro
estaremos realizando o workshop A Arte da Transformação, o poder escondido da
sua verdade.
A proposta é compartilhar os
ensinamentos contidos nas ferramentas denominadas “os quatro compromissos”
livro escrito por Dom Miguel Ruiz, baseado na filosofia Tolteca, que propõe
rever nossas atitudes diante da vida.
Nosso maior objetivo e
ampliar a percepção da verdade e rever acordos baseados no medo que interferem
na recuperação de nosso poder e na energia necessária para nossa transformação.
Mais informações:
atelierterapeutico2009@gmail.com
Facilitadoras: Orquídea
Calderon e Rosanna Rocco
Inscrições abertas - Vagas
Limitadas
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