domingo, 31 de agosto de 2014
o Casal Silencioso
Workshop realizado a partir
da história Sufi O CASAL SILENCIOSO onde nos deparamos com questões presentes
em qualquer relacionamento amoroso.
Estão presentes nessa
história, vários temas a serem refletidos: a pouca disponibilidade em relação
ao outro, a intransigência, a prepotência, o medo e a negação de sentimentos,
as dificuldades de enfrentar as diferenças e mudar de atitude.
O CASAL SILENCIOSO
Era uma vez um homem e uma
mulher que tinham acabado de se casar. Ainda vestidos com seus trajes núpcias
se acomodaram em seu novo lar mal o último convidado partiu.
- Querido – disse a jovem
senhora. - Vá fechar a porta que dá para a rua. Ficou aberta.
- Fechar a porta? Eu? –
Falou o noivo. – Um noivo em seus trajes esplêndidos, com um manto de valor
inestimável uma adaga cravejada de pedras? Como alguém poderia esperar que eu
fizesse uma coisa dessas? Você deve estar fora do juízo. Vá você mesma fechá-la.
-Ah, é? – Gritou a noiva. –
Você pensa que sou sua escrava? Uma mulher bonita e gentil como eu, que usa um
vestido da mais fina seda? Você acha que eu me levantaria no dia do meu
casamento para fechar a porta que dá para uma via público? Impossível!
Ficaram em silêncio por um
minuto ou dois, e a mulher sugeriu que poderiam solucionar o problema com uma
aposta. Combinaram que o primeiro que falasse fecharia a porta.
Havia dois sofás na sala, e
a dupla se sentou, frente a frente, olhando-se em silêncio.
Ficaram assim durante duas
outras horas. Enquanto isso um bando de ladrões passou por ali e viram que a
porta estava aberta. Esgueiraram-se para dentro da casa silenciosa que parecia
deserta, e começaram a recolher todos os objetos que pudessem carregar, fosse
qual fosse seu valor.
O casal de noivos os ouviu
entrar, mas um achava que era o outro quem devia cuidar do assunto. Nenhum dos
dois falou, nem se mexeu, enquanto os ladrões iam de um quarto a outro, até que
finalmente chegaram à sala e não perceberam, de início, a sombria e estática
dupla.
O casal, no entanto
continuava sentado, enquanto os ladrões carregavam todos os valores e enrolavam
os tapetes sob os pés dos esposos. Confundindo o idiota e sua obstinada mulher
com manequins de cera, despojaram-nos de suas jóias. Mesmo assim a dupla
continuava muda.
Os ladrões se foram. A noiva
e o noivo continuaram sentados toda a noite, e nenhum deles desistiu. Ao
amanhecer um policial em sua ronda viu a porta aberta e entrou.
Indo de um aposento ao
outro, chegou finalmente ao casal e perguntou-lhes o que tinha acontecido. Nem
o homem nem a mulher se dignaram a responder.
O policial pediu reforços.
Muitos defensores da lei chegaram, e todos foram ficando cada vez mais furiosos
diante do silêncio total, que lhes parecia, obviamente, uma afronta calculada.
O oficial encarregado perdeu
finalmente o controle e ordenou a um de seus homens:
- Dê um tabefe ou dois nesse homem
para que recupere a razão.
Diante disso a mulher não
conseguiu conter-se:
- Por favor, senhores guardas –
Choramingou, -Não batam nele. É meu marido!
- Ganhei! – Gritou imediatamente o
imbecil. – Você vai fechar a porta!
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