sábado, 19 de janeiro de 2013

O Fazedor de chuva





Richard Wilhelm que residiu na China, contou a Jung a história do fazedor de chuvas de Kiao Chan; essa história é uma maravilhosa parábola psicológica sobre a sincronicidade e sua afinidade com o Tao.
Houve uma grande seca. Durante meses não caíra uma gota de chuva e a situação tornava-se catastrófica. Os católicos faziam procissões, os protestantes oravam e os chineses queimavam varetas de incenso e disparavam canhões para afugentar os demônios da seca, porém sem nenhum resultado. Finalmente, os chineses disseram: "Buscaremos o fazedor de chuvas".
E apareceu um velhinho magérrimo, vindo de outra província. A única coisa que pediu foi uma pequena casa tranquila em algum lugar, onde se trancou durante três dias. No quarto dia, formaram-se nuvens e houve uma grande tempestade de neve, numa época do ano em que a neve era inesperada e em quantidade inusitada. A cidade fervilhava tanto de comentários a respeito do maravilhoso fazedor de chuvas que Richard Wilhelm foi perguntar ao homem como ele a havia realizado. Indagou de modo tipicamente europeu: "Chamam-no de fazedor de chuvas; poderia me dizer como causou a neve?". Ao que o pequeno chinês respondeu: "Eu não fiz a neve, não sou o responsável". "Mas o que você fez durante esses três dias?". "Ah, isso eu posso explicar. Venho de outro país onde as coisas estão em ordem. Aqui as coisas estão em desordem; não são como devem, de acordo com a disposição do céu. Por isso, todo o país não está no Tao, e eu também não estou inserido na ordem natural dessas coisas, porque me encontro num país em desordem. Tive então que esperar três dias até estar novamente no Tao; então, naturalmente, a chuva caiu".
Cari Gustav Jung, Mysterium Coniunctionis, pp. 419-20

Estar de novo no TAO é sentir-se centrado e em contato com a sensação de que a vida tem um sentido.



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