sábado, 27 de julho de 2013

Mitologia Pessoal

Mitologia pessoal
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Podemos definir os mitos como relatos fantásticos que encontram lugar fora do tempo definido. São histórias de caráter simbólico, dotadas de lógica própria, via de regra irracional, originalmente criada e preservada pela tradição oral. Seus protagonistas, geralmente são divindades que encarnam forças primordiais da natureza ou aspectos fundamentais da condição humana.



Jung chamou de arquétipos (o nome quer dizer imagens ou padrões primordiais) resíduos arcaicos anteriormente apontados por Freud, e aplicou-lhes a ideia. O que se transmite de geração a geração desde os primórdios é simplesmente a tendência da mente a formar representações simbólicas, padronizadas em seu sentido genérico, mas extremamente variáveis em seus detalhes; fenômeno esse que origina um inesgotável universo de formas míticas fundadas sobre umas poucas configurações matriciais arcaicas, comuns a toda espécie humana, que nada mais são que os arquétipos.
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É principalmente através dos sonhos que as forças instintivas e arquetípicas influenciam nossa atividade consciente, e conforme os impactos que sofremos de nosso conteúdo inconsciente colecionaram boas ou más experiências, capazes de gerar processos neuróticos, psicóticos ou saudáveis, isso sem falar das vivências transcendentes que ampliam e alteram o estado de nossa consciência. Chegamos assim a uma das raras verdades do campo psicológico, a de que todo indivíduo é sempre uma realidade única. Se, por um lado, precisamos buscar nos mistérios enterrados a compreensão de nosso presente, e necessitamos dos mitos para avaliar a produção simbólica da alma, por outro, não devemos esquecer que cada sonho diz respeito antes de tudo ao sujeito que o sonha, e traz em si toda uma mitologia particular, refratada pelo prisma do inconsciente pessoal. 
A partir daqui começamos a entender a passagem da mitologia universal para a mitologia pessoal. Nós recebemos influência do inconsciente coletivo e seus arquétipos, mas a nossa alma tem uma pulsão de manifestar seu caráter único, que Jung chamou de Processo de Individuação. Ou seja, cada um de nós tem um caminho próprio, que não se repete na natureza, e que cumpre um processo maior no eterno drama da Criação. Por isso podemos dizer que somos heróis em busca de cumprir a nossa missão pessoal.

Somos heróis da nossa própria jornada. Habita em cada um de nós um herói mitológico capaz de dar conta de nossa missão pessoal e de cumprir, com grandeza e arte, a humana parte que nos cabe na realização da Grande Obra divina.

A mitologia pessoal é, pois, a fonte de nossas potenciais capacidades, manancial de vida onde a alma pode recolher-se ou banhar-se, ou mergulhar mais profundamente no intuito de reconhecer a natureza de seus essenciais valores, a fim de que possa trazê-los à tona, em prol de um verdadeiro e luminoso despertar da consciência.

Nesse sentido, a mitologia pessoal é depositária do grande drama da existência, e seu desdobramento traduz um genuíno roteiro a ser seguido, repleto de personagens, cenas e situações arquetípicas com os quais a alma deve relacionar-se, de modo a orientar-se em sua travessia pelo grande labirinto do mundo inconsciente. E o cumprimento deste fabuloso drama tem iminente caráter iniciático, a pressupor inúmeras mortes e renascimentos simbólicos.


Fonte: http://www.amigodaalma.com.br/                                Por Paulo Urban 

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